sábado, 2 de janeiro de 2010

Lula, o Filho do Brasil

Convidei minha família para vermos o filme. Combinamos antes que esqueceríamos que Lula é o presidente. Não queríamos associar uma coisa à outra. Sei que é difícil, mas tínhamos que tentar. Queríamos uma completa isenção de juízo de valores. Nossa crítica tinha que ser imparcial. Se não, não tem graça. Até porque todos lá em casa somos petistas de carteirinha.
Surpreendi-me. O filme é uma obra de arte. Os atores foram muito bem escolhidos. Conhecer a história dos homens que fizeram história em nosso país é um dever de educar que a arte nos proporciona, principalmente para beneficiar nossa contemporânea geração de jovens. A minha maior surpresa e de minha família, é que o filme não é tendencioso, não se direciona para o nosso atual presidente, no sentido eleitoreiro conforme apregoou nossa imprensa corporativa.
O filme foi baseado na história contada em livro, portanto Sérgio Barreto não podia fugir da essência do livro. Achei inclusive que vários aspectos da ditadura foram omitidos, para não haver associação entre o Presidente e sua luta contra ela. A própria fundação do PT ficou de fora. Não estou falando como petista e sim como um cinéfilo comum.
A parte mais emocionante, foi quando sua mãe dizia:
Teima filho, tem que teimar! Coração de mãe nunca se engana, aquele íntimo materno sabia que aquele filho dentre todos era especial, sua obstinação, teimosia, e sensibilidade social já se revelara na mais tenra idade.
Conheço muitos detratores do Lula, mas, tenho absoluta certeza que todos eles jamais conheceram sua verdadeira história de lutas. Aliás, a mídia se encarrega muito disso, desconstruir a imagem de pessoas é sua especialidade, inventar chifre em cabeça de burro também. Como somos um povo muito ignorante, embarcamos nessa onda.
Se colocar no lugar dos outros é muito difícil, isso em qualquer situação. Só quem foi levado por policiais para enterrar a própria mãe, pois se encontrava preso, pode sentir na pele o que são os horrores da ditadura! Só quem perde um dedo em acidente de trabalho por extenuante jornada da mesma, pode entender as relações patrão empregado! Só quem perdeu mulher e filho ao mesmo tempo por mau atendimento num hospital, pode entender a serviço de quem está o estado e seus instrumentos. Só quem conheceu e fugiu da miséria nordestina, vindo para São Paulo e caindo noutra miséria, pode defender o bolsa família, os negros, os homossexuais, os sem terras, os quilombolas, os pobres de modo geral. Só quem governou este país com uma das maiores alianças da história política, pode entender as nuances do poder, sua podridão, seus conchavos, suas pressões e chantagens. Ele não está fazendo tudo que sonhou, mas está tentando tornar o sonho possível. Falar mal de Lula é fácil, quero ver ser ele.